A cada ano, com o retorno das chuvas, a dengue volta a ser uma preocupação para a saúde pública. Com o ambiente propício para a reprodução do mosquito transmissor, o número de casos tende a aumentar, gerando dúvidas sobre o tratamento seguro da doença. Uma questão frequente é se o paracetamol pode ser utilizado com dengue ou se há algum risco associado ao seu uso.
O tratamento da dengue visa principalmente aliviar os sintomas, como febre e dores pelo corpo, já que ainda não existe uma cura específica para a infecção. Nesse contexto, o paracetamol, um dos analgésicos e antitérmicos mais utilizados globalmente, é frequentemente indicado para ajudar a combater esses desconfortos. No entanto, há preocupações sobre possíveis danos ao fígado do paciente devido ao uso do medicamento.
Apesar das preocupações levantadas por alguns, tanto profissionais de saúde quanto autoridades médicas tendem a recomendar o paracetamol como parte do tratamento da dengue. Estudos não encontraram evidências sólidas que comprovem um aumento significativo do risco de complicações hepáticas associadas ao seu uso, desde que respeitadas as dosagens recomendadas.
Entretanto, é importante usar o paracetamol com moderação durante a dengue, devido ao risco de hepatotoxicidade em um fígado que já está um pouco sobrecarregado por essa doença. O paracetamol é uma opção válida, desde que usado com cautela, mas vale lembrar que a dipirona também é uma boa alternativa. Geralmente, o paracetamol é preferido em pacientes com alergia à dipirona.
Para garantir a segurança do tratamento, é essencial seguir as orientações médicas quanto à dosagem e frequência de uso do paracetamol. A dose máxima recomendada para adultos é de 4g por dia, e a absorção do medicamento ocorre principalmente no intestino delgado. Reações adversas são raras quando o medicamento é utilizado conforme as instruções.
É importante ressaltar que o paracetamol não promove a cura da dengue, mas sim o alívio dos sintomas. Se os sintomas estiverem moderados, pode ser que a intervenção medicamentosa não seja necessária. Além disso, é fundamental evitar o uso de outros medicamentos que contenham substâncias como ácido acetilsalicílico, ibuprofeno ou outros anti-inflamatórios não-esteroides, que podem aumentar o risco de sangramentos e outras complicações.
No caso da versão em gotas, é comum encontrar opções de 200mg por mililitro, sendo que cada ml corresponde a aproximadamente 20 gotas. Como é mais fácil fracionar a dose dessa forma, medicamentos líquidos são mais indicados para o tratamento infantil.
Para os comprimidos, cada unidade pode conter a dosagem necessária, sendo comum encontrar opções de 500 mg a 1g, que é a concentração máxima recomendada.
Contraindicações do remédio
O paracetamol é contraindicado caso tenha sofrido previamente com reação alérgica ao medicamento. Porém, isso é bastante raro e o fármaco costuma ser tolerado tranquilamente pela maioria das pessoas.
Caso tenha doença hepática causada pelo consumo ou abuso de bebidas alcoólicas, o uso é liberado, porém exige precauções adicionais e precisa de acompanhamento médico.
Além disso, se optar pelo tratamento dos sintomas da dengue com paracetamol, é importante que não tome remédios com o mesmo componente por outros motivos. Assim você consegue evitar o risco de superdosagem.
Medicamentos a evitar durante a dengue
Durante o período de dengue, é crucial evitar certos medicamentos que podem aumentar o risco de complicações. Os principais são os anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), que podem causar sangramentos e outras complicações graves, especialmente em casos de dengue hemorrágica. Em crianças, o uso desses medicamentos pode até mesmo desencadear a síndrome de Reye, uma condição rara e potencialmente fatal que afeta o fígado e o cérebro.
Segue uma lista dos principais AINEs que devem ser evitados durante a dengue:
- Ácido acetilsalicílico (AAS ou aspirina)
- Ácido salicílico
- Diflunisal
- Salicilato de sódio
- Metilsalicilato
- Indometacina
- Ibuprofeno
- Diclofenaco
- Piroxicam
- Naproxeno
- Sulindaco
- Prednisona
- Prednisolona
Esses medicamentos devem ser evitados devido ao seu potencial de aumentar o risco de sangramentos e outras complicações graves associadas à dengue. É fundamental seguir as orientações médicas e evitar a automedicação durante o tratamento da doença. Em caso de dúvidas, consulte sempre um profissional de saúde qualificado.
Prevenção e combate à dengue
Além do tratamento medicamentoso, medidas de prevenção e controle do mosquito transmissor são essenciais para reduzir o impacto da dengue. Manter ambientes livres de água parada, utilizar repelentes e telas de proteção nas janelas são algumas das estratégias eficazes para evitar a proliferação do Aedes aegypti.