O câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns entre as mulheres em todo o mundo. Apesar dos avanços nas terapias médicas, a recuperação completa envolve uma abordagem multidisciplinar, onde a alimentação tem ganhado destaque. Diversos estudos sugerem que uma dieta equilibrada pode não apenas ajudar a combater os efeitos colaterais dos tratamentos, mas também auxiliar na recuperação, melhorar a qualidade de vida e até reduzir o risco de recorrência do câncer.
O impacto da alimentação na recuperação
Durante o tratamento do câncer de mama, especialmente em fases como quimioterapia, radioterapia e cirurgia, o corpo da paciente passa por uma série de desafios que afetam a imunidade, o metabolismo e o bem-estar geral. A alimentação adequada surge como uma aliada importante para suprir as demandas nutricionais do organismo, contribuir para a manutenção de um peso saudável e auxiliar na reparação dos tecidos danificados.
De acordo com a Sociedade Americana de Câncer, pacientes que mantêm uma alimentação rica em frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais apresentam uma recuperação mais rápida e uma melhor resposta imunológica ao tratamento. Além disso, a nutrição pode ajudar a mitigar os efeitos colaterais dos tratamentos, como náuseas, fadiga e perda de apetite, que afetam diretamente a ingestão calórica e de nutrientes.
Alimentos que promovem a recuperação
Um dos focos principais para pacientes em recuperação do câncer de mama é manter uma dieta rica em nutrientes essenciais. Proteínas magras, como as encontradas em peixes, frango e leguminosas, são fundamentais para a regeneração celular e o fortalecimento do sistema imunológico. Já os alimentos ricos em fibras, como grãos integrais, legumes e frutas, ajudam no funcionamento adequado do intestino, o que pode ser comprometido durante o tratamento.
Estudos publicados no Journal of Clinical Oncology revelam que mulheres que consomem uma quantidade significativa de alimentos de origem vegetal, como frutas, verduras e cereais integrais, têm um risco 21% menor de recorrência do câncer de mama comparadas a mulheres que seguem uma dieta rica em alimentos ultraprocessados e pobres em fibras.
Além disso, as gorduras saudáveis, como as presentes no azeite de oliva, abacate e oleaginosas, têm propriedades anti-inflamatórias que são benéficas para o corpo em processo de cura. Essas gorduras também contribuem para o controle dos níveis de colesterol e auxiliam na proteção cardiovascular, outro fator de risco relevante em pacientes que enfrentaram o câncer de mama.
Dieta mediterrânea como aliada
Entre os padrões alimentares que têm mostrado resultados promissores está a dieta mediterrânea. Rica em frutas, vegetais, grãos integrais, peixes e azeite de oliva, essa dieta é associada a uma redução na inflamação e a um menor risco de recorrência do câncer.
Uma pesquisa da Harvard Medical School aponta que pacientes oncológicos que adotaram a dieta mediterrânea durante e após o tratamento apresentaram uma redução de 27% no risco de mortalidade por câncer de mama em comparação com aquelas que seguiam uma dieta rica em alimentos processados e gorduras saturadas.
Além disso, um estudo publicado no British Journal of Cancer sugere que pacientes que aderem à dieta mediterrânea têm uma menor probabilidade de desenvolver metástases, o que pode prolongar significativamente a sobrevida.
O papel dos fitonutrientes e antioxidantes
Os fitonutrientes, substâncias encontradas em alimentos de origem vegetal, têm um papel relevante na prevenção e recuperação do câncer. O consumo de frutas como maçã, uva, romã, e de vegetais como brócolis, couve e espinafre, oferece ao corpo compostos como os flavonoides e os polifenóis, que possuem ação antioxidante. Esses nutrientes ajudam a combater os radicais livres, que podem causar danos ao DNA celular, e têm potencial para reduzir o risco de recorrência do câncer de mama.
Um estudo conduzido pelo National Cancer Institute destacou que mulheres que consumiram uma maior quantidade de alimentos ricos em flavonoides apresentaram uma redução de 25% no risco de recorrência do câncer de mama. O estudo também indicou que esses compostos ajudam a diminuir os níveis de inflamação no organismo, o que pode ser fundamental para o processo de recuperação.
Além disso, alimentos ricos em carotenóides, como cenoura, abóbora e batata-doce, fornecem uma boa quantidade de vitamina A, essencial para a saúde do sistema imunológico e regeneração de tecidos. A vitamina C, presente em frutas cítricas, pimentões e kiwi, também desempenha um papel de destaque na produção de colágeno, importante para a cicatrização após cirurgias.
Evitar alimentos ultraprocessados e açúcar refinado
Se por um lado determinados alimentos podem contribuir para a recuperação, por outro, é importante evitar aqueles que podem prejudicar o processo. Alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras trans, açúcar refinado e aditivos químicos, podem promover inflamação no corpo e dificultar a recuperação. Estudos também apontam que o consumo excessivo de açúcar pode estar associado ao aumento do risco de desenvolvimento de tumores, devido ao seu impacto negativo nos níveis de insulina e no metabolismo celular.
Uma pesquisa publicada no Journal of the National Cancer Institute revelou que o consumo regular de alimentos ricos em açúcares refinados aumenta em 30% o risco de recorrência do câncer de mama em mulheres que já passaram pelo tratamento. Além disso, o estudo sugere que a alta ingestão de alimentos processados está associada a um maior risco de inflamação crônica, um fator que pode agravar as condições de saúde de pacientes oncológicos.
A importância da hidratação
A hidratação é outro ponto essencial durante a recuperação do câncer de mama. Beber água regularmente ajuda a manter o corpo em equilíbrio, facilita a digestão e a absorção de nutrientes, além de auxiliar na eliminação de toxinas. O consumo adequado de líquidos também contribui para o melhor funcionamento dos rins, que podem ser sobrecarregados durante o tratamento quimioterápico.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), pacientes que se mantêm bem hidratados durante o tratamento apresentam uma recuperação mais eficiente, além de uma melhor tolerância aos efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia.