62,7% dos idosos brasileiros já sofreram quedas, um perigo para saúde e autonomia
Um recente estudo brasileiro, divulgado no primeiro semestre deste ano, acende um sinal de alerta para a questão das quedas na população idosa: conforme levantamento publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 62,7% dos idosos consultados relataram ter sofrido ao menos uma queda. Queda não é apenas um tropeço ou escorregão ocasional. Entre pessoas […]

Um recente estudo brasileiro, divulgado no primeiro semestre deste ano, acende um sinal de alerta para a questão das quedas na população idosa: conforme levantamento publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 62,7% dos idosos consultados relataram ter sofrido ao menos uma queda.
Queda não é apenas um tropeço ou escorregão ocasional. Entre pessoas mais velhas, esse tipo de ocorrência pode desencadear fraturas, hospitalizações, perda de autonomia e até risco de morte. Por isso, a constatação de uma prevalência tão elevada — quase dois em cada três idosos — no Brasil merece atenção especial.
Embora existam estimativas globais e regionais sobre a incidência de quedas em idosos, este estudo sugere que o Brasil pode estar acima da média mundial. Se confirmada, essa discrepância pode refletir fatores sociodemográficos, limitações no sistema de saúde, desigualdade no acesso a cuidados preventivos, ambientes não adaptados, entre outros.
Sobre o estudo
O levantamento foi conduzido por pesquisadores brasileiros e incluiu uma amostra significativa de idosos residentes em diversas regiões do país (detalhes metodológicos como tamanho da amostra, critérios de seleção e faixa etária podem ser consultados no artigo original).
Os resultados indicaram que, entre os indivíduos entrevistados:
- 62,7% relataram ter sofrido pelo menos uma queda no período considerado pela pesquisa;
- Muitos relataram quedas repetidas, ou quedas que geraram consequências físicas (como dor, limitação funcional etc.).
Esses números reforçam que o problema das quedas em idosos não é pontual nem restrito a grupos específicos, mas uma questão de saúde pública que exige intervenção sistemática.
Fatores de risco e agravantes
Diversos estudos internacionais já identificaram fatores que aumentam a probabilidade de quedas em idosos. Entre eles:
- Fraqueza muscular e perda de massa (sarcopenia): músculos mais frágeis reduzem a capacidade de equilíbrio e reação rápida.
- Problemas de equilíbrio e propriocepção: alterações no sistema vestibular ou nos pés, por exemplo.
- Uso de múltiplos medicamentos (polifarmácia): alguns remédios podem provocar tontura, sonolência ou hipotensão postural.
- Doenças crônicas: como diabetes, osteoartrite, doenças neurológicas (como Parkinson), entre outras.
- Ambientes domésticos inadequados ou perigosos: pisos escorregadios, iluminação insuficiente, desníveis, tapetes soltos, ausência de barras de apoio.
- Declínio cognitivo ou visual: diminuição da capacidade de perceber riscos no ambiente.
No contexto brasileiro, fatores socioeconômicos também podem colaborar: habitações com mais obstáculos, menor acesso a exercícios físicos regulares de fortalecimento e equilíbrio, e desafios no atendimento primário à saúde são variáveis que podem agravar o cenário.
Caminhos para prevenção
Quando uma queda ocorre, as repercussões podem ser severas. Nos casos mais graves, ocorrem fraturas (como de quadril e punho), imobilização prolongada, risco de infecções por imobilidade, redução da mobilidade, isolamento social e até mudanças drásticas na qualidade de vida.
Diante desses dados alarmantes, vale destacar algumas estratégias bem fundamentadas para reduzir o risco de quedas em idosos:
- Programa de exercícios físicos focados em fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e alongamento.
- Avaliação multidisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e oftalmologistas, para identificar fatores de risco específicos (exames de visão, revisão medicamentosa, avaliação de mobilidade).
- Adaptações no ambiente doméstico: instalar barras de apoio no banheiro, melhorar iluminação, remover tapetes soltos, nivelar superfícies, garantir pisos antiderrapantes, entre outros.
- Educação e orientação: informar idosos e cuidadores sobre cuidados simples de segurança no dia-a-dia, como evitar andar em superfícies molhadas, usar calçados adequados, evitar escadas desnecessárias.
- Acompanhamento contínuo: idosos que já caíram merecem atenção especial, com monitoramento regular e intervenções personalizadas.