Câncer de próstata causa 28,6% das mortes por câncer em homens no Brasil
No Brasil, o câncer de próstata é um dos problemas de saúde mais críticos enfrentados pela população masculina, sendo a causa de 28,6% das mortes por câncer entre homens, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Trata-se do segundo câncer mais incidente entre homens no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, […]
No Brasil, o câncer de próstata é um dos problemas de saúde mais críticos enfrentados pela população masculina, sendo a causa de 28,6% das mortes por câncer entre homens, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Trata-se do segundo câncer mais incidente entre homens no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, com aproximadamente 65 mil novos casos registrados a cada ano. Esse cenário revela a importância de campanhas de conscientização e a necessidade de um acesso mais amplo a exames preventivos e ao tratamento.
O câncer de próstata é caracterizado pelo crescimento desordenado das células na glândula prostática, localizada abaixo da bexiga e responsável pela produção de parte do sêmen. Em sua fase inicial, essa doença é geralmente assintomática, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta os riscos de progressão. Com o avanço, podem surgir sintomas como dificuldade para urinar, necessidade frequente de urinar, presença de sangue na urina ou no sêmen e dores pélvicas. Porém, em muitos casos, esses sintomas só aparecem quando o câncer já está em estágio avançado, o que torna os exames de rastreamento ainda mais cruciais para detecção precoce.
Segundo especialistas, a detecção precoce é essencial para reduzir as taxas de mortalidade associadas ao câncer de próstata. Exames como o toque retal e a dosagem de PSA (antígeno prostático específico) são fundamentais para identificar anomalias na próstata. O Ministério da Saúde e o INCA recomendam que homens com 50 anos ou mais façam o exame anual. Para aqueles que possuem histórico familiar de câncer de próstata, a recomendação é que comecem o rastreamento a partir dos 45 anos.
Os exames de imagem também têm assumido papel importante no diagnóstico e estadiamento das patologias da próstata, tais como a ultrassonografia, a ressonância magnética multiparamétrica e o PET-PSMA, cada qual com sua indicação específica.
Dados que alertam e desafios na prevenção
Os dados do INCA revelam um quadro preocupante: o câncer de próstata é responsável por cerca de 15 mil mortes anuais no Brasil, uma média que coloca o país entre os que têm altas taxas de mortalidade para essa doença. Além disso, a expectativa de vida tem aumentado, levando mais homens à faixa etária de risco, o que deve intensificar a quantidade de diagnósticos nos próximos anos. Isso evidencia a urgência de medidas que promovam o acesso ao diagnóstico e ao tratamento eficazes, uma vez que o câncer de próstata, quando detectado em fase inicial, possui um índice de cura superior a 90%.
Porém, no Brasil, ainda existem barreiras que dificultam o diagnóstico precoce, como a falta de estrutura e pessoal nas redes de saúde pública em várias regiões, além da resistência cultural em torno do exame de toque retal, que é cercado por preconceitos. Esse estigma tem impedido muitos homens de realizarem o exame preventivo, especialmente em comunidades mais conservadoras ou com menor acesso à informação.
Além da questão cultural, há desafios logísticos e estruturais. O Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a maior parte da população brasileira, enfrenta limitações na oferta de exames e consultas especializadas, o que compromete a agilidade no atendimento e no diagnóstico precoce. A fila para exames e tratamentos pode durar meses, prejudicando diretamente a taxa de sobrevivência dos pacientes.
Fatores de risco e prevenção
O risco de desenvolver câncer de próstata aumenta com a idade. Homens a partir de 50 anos têm uma probabilidade significativamente maior de serem diagnosticados com a doença, e essa taxa é ainda mais alta para aqueles com histórico familiar de câncer de próstata, especialmente se o diagnóstico ocorreu em parentes de primeiro grau, como pai ou irmãos.
A etnia também é um fator de risco: homens negros apresentam maior risco de desenvolver e morrer de câncer de próstata, em comparação com homens brancos. Estudos sugerem que diferenças genéticas e desigualdades no acesso à saúde contribuem para essa disparidade. Além disso, a obesidade e o sedentarismo são fatores associados a um aumento no risco de câncer de próstata, reforçando a importância de um estilo de vida saudável para a prevenção.
Para reduzir esses riscos, os especialistas recomendam a adoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e fibras, e a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e de gorduras saturadas. Há evidências de que esses cuidados ajudam a manter a saúde da próstata e diminuem as chances de desenvolvimento da doença.