Vacina BCG na prevenção da tuberculose
A vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), introduzida no início do século XX, tem sido uma ferramenta vital na luta global contra a tuberculose (TB). Desenvolvida pelos médicos franceses Albert Calmette e Camille Guérin, a vacina é uma das mais antigas e amplamente utilizadas no mundo, destacando-se por sua eficácia em prevenir formas graves de TB, especialmente […]
A vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), introduzida no início do século XX, tem sido uma ferramenta vital na luta global contra a tuberculose (TB). Desenvolvida pelos médicos franceses Albert Calmette e Camille Guérin, a vacina é uma das mais antigas e amplamente utilizadas no mundo, destacando-se por sua eficácia em prevenir formas graves de TB, especialmente em crianças.
A BCG foi criada após anos de pesquisa utilizando uma cepa atenuada do Mycobacterium bovis, um primo do Mycobacterium tuberculosis, o agente causador da tuberculose humana. Desde sua introdução em 1921, a vacina tem sido amplamente administrada em países com alta incidência de TB, contribuindo significativamente para a redução de casos graves da doença.
Eficácia e aplicação
A principal eficácia da BCG está na proteção contra formas severas de tuberculose, como a TB miliar e a meningite tuberculosa em crianças. Estudos mostram que a BCG pode reduzir em até 70% a incidência dessas formas graves. No entanto, a eficácia da vacina contra a tuberculose pulmonar, a forma mais comum e contagiosa em adultos, varia amplamente de acordo com a região geográfica e a população.
Essa variação é atribuída a fatores como exposição prévia a micobactérias ambientais e diferenças genéticas entre as populações. Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a vacinação universal com BCG em países com alta carga de tuberculose, dada sua capacidade de prevenir doenças severas e reduzir a mortalidade infantil.
A vacinação com BCG é particularmente recomendada para:
- Recém-nascidos e crianças pequenas: em países onde a tuberculose é comum, a vacina BCG é geralmente administrada a todos os recém-nascidos, preferencialmente nas primeiras semanas de vida. Isso é essencial para proteger contra formas graves de TB, como meningite tuberculosa e TB miliar.
- Pessoas em contato com pacientes de tuberculose: indivíduos que convivem ou têm contato frequente com pessoas diagnosticadas com tuberculose ativa também são candidatos à vacinação, especialmente se não foram vacinados na infância.
- Profissionais de saúde: em regiões de alta incidência de TB, profissionais de saúde, que estão em risco aumentado de exposição ao Mycobacterium tuberculosis, podem ser recomendados a tomar a vacina BCG.
Desafios na erradicação da tuberculose
Apesar da eficácia da BCG, a tuberculose continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública no mundo. Em 2022, a OMS estimou que cerca de 10 milhões de pessoas adoeceram com TB, e 1,4 milhão morreram devido à doença. A resistência a medicamentos, especialmente a tuberculose multirresistente (MDR-TB), complica ainda mais o cenário.
O surgimento da COVID-19 também afetou negativamente os esforços de controle da TB, com interrupções nos serviços de saúde e redirecionamento de recursos. Isso levou a uma diminuição nos diagnósticos e tratamentos de TB, exacerbando a crise de saúde pública.
Importância da vacinação continuada
A vacinação com BCG é especialmente crucial em países com alta prevalência de tuberculose. Em muitos desses locais, a infraestrutura de saúde pública depende da BCG para reduzir a carga da doença entre as populações vulneráveis. Programas de vacinação em massa, geralmente realizados em maternidades, garantem que a maioria dos recém-nascidos receba a vacina.
A vacinação precoce não só protege diretamente os indivíduos vacinados, mas também contribui para a imunidade de grupo, ajudando a controlar a propagação da TB na comunidade. Em regiões endêmicas, a vacinação universal é uma estratégia essencial para reduzir a transmissão e prevenir surtos.